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quarta-feira, 23 de março de 2016

Centenário do Museu Grão Vasco

São Pedro, Vasco Fernandes

O Museu Nacional Grão Vasco, de Viseu, celebra em 2016 o seu primeiro centenário. A 16 de março de 1916 foi publicado no Diário do Governo o decreto que fundava o Museu Grão Vasco. O Museu nasceu do sonho do capitão Almeida Moreira. Militar, professor, artista e, sobretudo, homem de grande sensibilidade para as artes, foi primeiro diretor do Museu Nacional Grão Vasco, na altura, ainda no interior da Sé de Viseu. Só em 1938 as obras ali reunidas foram transferidas para o edifício contíguo, o Paço dos Três Escalões, antigo Seminário e Paço dos Bispos, onde atualmente se encontra o museu, depois da requalificação do arquiteto Eduardo Souto Moura – realizada entre 2001 e 2003, dotou-o das valências museológicas que hoje lhe conhecemos e que lhe valeram o estatuto de museu nacional no ano passado. 

A sua localização, da qualidade do seu acervo e também da designação de museu nacional, que obteve recentemente, o museu é suficientemente atrativo para os visitantes. Em 2015, o museu registou mais de 86 mil entradas e o durante este ano, onde se vão realizar várias iniciativas comemorativas, o Museu deverá atingir o número de 100 mil visitantes. No museu encontram-se aquilo que são chamados os Tesouros Nacionais, entre os quais as pinturas de Vasco Fernandes, mais conhecido por Grão Vasco.
No Museu destaca-se a obra “S. Pedro” que é o rosto do próprio museu, pintado por Vasco Fernandes, em 1529 e que foi uma encomenda de um grande bispo do renascimento português, D. Miguel da Silva. Talvez esta constitua a obra referencial, tanto mais que é uma obra-prima do grande pintor, incontornável no conhecimento e na interpretação da História da Arte em Portugal. Também submetidas a uma proteção especial para acautelar a sua preservação estão a escultura em madeira dourada “Santa Ana e a Virgem”, de Claude Joseph Laprade (1732), e o autorretrato de Columbano Bordalo Pinheiro, “No meu atelier” (1884). Estas são três obras que exemplificam a diversidade e a qualidade intrínseca do acervo do Museu Nacional Grão Vasco. 
No entanto, depois de cem anos de vida, são vários os desafios que continuam a colocar-se ao museu. Por um lado, manter aquilo que de bem tem vindo a fazer”, como “a conservação, a preservação, o estudo, a classificação das obras de arte e depois expô-las e divulgá-las”, explicou. Por outro lado, há a componente “da afirmação dos museus na contemporaneidade”, uma vez que não podem ser “só esse repositório do património que salvaguarda, que preserva, que estuda e que divulga”, acrescentou.
Para o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, o Museu Nacional Grão Vasco é “uma âncora da cidade” que faz parte da estratégia ambiciosa que o município tem para o património cultural. O autarca lembrou que Viseu pretende assumir, “cada vez mais, o seu estatuto de uma cidade com 2.500 anos de História que está a descobrir o seu património material e imaterial”, com o objetivo de obter a classificação de Património da Humanidade da UNESCO. “Esse é um objetivo a oito anos, que o município assume”, realçou.
O deslumbramento acontece quando subimos ao segundo piso. Em frente aos 14 painéis do antigo retábulo da capela-mor da Sé de Viseu (1501-1506, em plena época dos Descobrimentos). Ou em frente às obras monumentais S. Pedro, Anunciação, Última Ceia ou Instituição da Sagrada Eucaristia, ao tríptico Lamentação sobre o Corpo de Cristo. 
S. Francisco. Sto. António, Assunção da Virgem, a Adoração dos Reis Magos, em que o rei Baltazar, em vez de ser negro, é um índio brasileiro. Sendo, talvez a primeira representação de um índio sul-americano na arte europeia. Terá sido produzida entre 1501 e 1506, pouco depois do achamento do Brasil.
Esta parte é o coração do museu, a maioria das 22 obras classificadas como tesouro nacional são, de facto, da autoria de Grão Vasco, como era conhecido o pintor do século XVI. O museu também possui obras de Columbano Bordalo Pinheiro, José Malhoa e Silva Porto, além de objetos e suportes figurativos destinados a práticas litúrgicas, esculturas, peças de ourivesaria e faiança portuguesa.
O museu vale a visita, sobretudo em ano de centenário com várias iniciativas, a consultar no sítio da instituição.

Autores:

Mafalda Caetano, 8ºA
Catarina Lopes, 8ºA