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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Alto Douro Vinhateiro - desde a demarcação pombalina às potencialidades turísticas


O Alto Douro Vinhateiro (ADV) foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO na categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva (a 14 de Dezembro de 2001, na 25.ª sessão do Comité do Património Mundial, realizada em Helsínquia.
O ADV corresponde à área mais representativa e melhor conservada da Região Demarcada do Douro (RDD) que é a mais antiga região vitícola demarcada e regulamentada do mundo, com delimitações desde 1756. A longa tradição de viticultura produziu uma paisagem cultural de beleza excepcional que reflecte a sua evolução tecnológica, social e económica.
As suas origens remontam à segunda metade do século XVII, altura em que o Vinho do Porto começa a ser produzido e exportado em quantidade, especialmente para a Inglaterra.
Contudo, os elevados lucros obtidos com as exportações para a Inglaterra viriam a gerar situações de fraude, de abuso e de adulteração da qualidade do vinho generoso (como é conhecido o vinho do Porto na região duriense). Os principais produtores de vinho durienses exigem então a intervenção do governo e a 10 de Setembro de 1756, é finalmente criada a "Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro".
Para demarcar o espaço físico da região foram então mandados implantar 201 marcos de granito. No ano de 1761 são colocados mais 134 marcos pombalinos, perfazendo então um total de 335.
Já em 10 de Maio de 1907, ao abrigo do decreto assinado por João Franco, a região demarcada é novamente delimitada, estendendo-se para o Douro Superior.
A superfície abrangida compreende 24.600ha, cerca de um décimo do total da RDD, tendo a sua zona
tampão uma área de 225.400ha. Desenvolve-se ao longo das encostas do rio Douro traduzindo-se numa faixa longitudinal com o rio ao centro e que abrange 13 municípios.
A Região Demarcada do Douro divide-se em 3 "zonas":
  • O Baixo-Corgo - com aproximadamente 51% da área ocupada por vinha, é toda a margem direita do Rio Douro, desde Barqueiros ao Rio Corgo (Régua). Na margem esquerda, desde a freguesia de Barrô até ao Rio Temi-Lobos, nas proximidades da Vila de Armamar;
  • O Cima-Corgo - com aproximadamente 36%, apoia-se na anterior e vai até ao meridiano que passa no Cachão da Valeira;
  • O Douro Superior - com aproximadamente 13%, apoia-se na anterior e vai até à fronteira espanhola.

É uma paisagem cultural evolutiva e viva, centrada na vitivinicultura desenvolvida em condições morfológicas e edafo-climáticas extremas. Aqui o terreno é muito declivoso e predominam as formações xistentas. O solo fértil é escasso assim como a água, porém o número de horas de sol é abundante. A paisagem traduz uma relação singular do homem com a natureza que, através do aperfeiçoamento das técnicas de valorização do solo, possibilitou o cultivo da vinha recorrendo-se à construção de socalcos suportados por muros de xisto, bem como a patamares e outras tipologias de implantação da vinha. Ela testemunha modos de organização da vinha de diferentes épocas históricas, que evoluíram com o surgimento de novas tecnologias.
Quinta do Portal (Celeirós)
Segundo os dados mais recentes, o Douro Património Mundial tem funcionado como uma aposta de marketing territorial bem conseguida, sobretudo nos mercados externos, havendo cada vez mais turistas estrangeiros a procurarem esta região vinhateira. Nos últimos 15 anos, e com a aposta na qualificação do turismo na região, surgiu mais alojamento e restauração de qualidade, além de novas infraestruturas de apoio a visitantes e a oferta de programas de animação e culturais que juntam vários parceiros. Paralelamente, a região assistiu a ganhos muito significativos ao nível das infraestruturas, com a construção do Túnel do Marão e da autoestrada transmontana, que representaram passos de gigante, só possíveis pelo aproveitamento de fundos da União Europeia.
Para finalizar deixamos aqui um sítio com Dicas para Viagem ao Douro Vinhateiro.
Algumas datas importantes do ADV:
1678 - A Alfândega do Porto regista, pela 1ª vez, com a designação de Vinho do Porto, os vinhos exportados pela barra do Douro;
1703 - Assinou-se o importante Tratado de Methwen, no Reinado de D.Pedro II, que consistia em reduzir certos direitos sobre os nossos vinhos em troca de abrirmos as portas aos produtos ingleses;
1756 - Foi aprovada a instituição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro;
1843 - Alguns anos após a extinção da Companhia, por D. Maria II, assiste-se à sua reestruturação, mas com menos poderes;
1907 - Foi redefinida por João Franco a Região Demarcada dos Vinhos Generosos do Douro, pelo Decreto-Lei nº1 de 10 de Maio;
1926 - Foi criado o Entreposto do Douro em Vila Nova de Gaia, destinado ao armazenamento e exportação dos vinhos da Região Demarcada do Douro, pelo Decreto-Lei nº12009 de 31 de Julho;
1932 - Foi criada a Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro, hoje CASA DO DOURO, através do Decreto-Lei nº21883, de 19 de Novembro;
2001 - O Alto Douro Vinhateiro (ADV) foi inscrito na lista do Património Mundial da Humanidade, na categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva.

Autor:

Henrique Farias, 6ºA