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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Amadeo Souza-Cardoso em Paris


A exposição dedicada a Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), no Grand Palais, em Paris, esteve patente ao público de 20 de abril a 18 de julho de 2016. Realizada no âmbito das comemorações dos 50 anos da delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição, que abre ao público na quarta-feira, reúne 250 obras assinadas por Amadeo de Souza Cardoso, 15 obras de outros artistas, que foram próximos do criador português, como Modigliani, Constantin Brancusi e o casal Robert e Sonia Delaunay, e 52 documentos de arquivo.
Os Falcões (1912)
Amadeo de Souza-Cardoso nasceu em Manhufe (Amarante) em 1887 e pertenceu à primeira geração de pintores modernistas portugueses. Na realidade, destaca-se entre todos eles pela qualidade excecional da sua obra e pelo diálogo que estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século XX. A sua pintura articula-se de modo aberto com movimentos como o cubismo o futurismo ou o expressionismo, atingindo em muitos momentos – e de modo sustentado na produção dos últimos anos –, um nível em tudo equiparável à produção de topo da arte internacional sua contemporânea.
A mostra é uma revelação, uma redescoberta para o público internacional, pois houve um conjunto de circunstâncias que levaram a que, durante largas décadas, o trabalho do pintor amarantino não tivesse sido convenientemente divulgado. A presença no Grand Palais pode permitir, assim, corrigir a "injustiça" da falta de visibilidade internacional do artista português, uma injustiça, porque o público não pôde ver, os artistas não puderam ver este trabalho, mas que está a ser corrigida e tem vindo a ser corrigida, depois de várias iniciativas.
O artista Almada Negreiros teve bem a consciência de que Amadeo era a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX. Agora, no século XXI o desafio é retomado. Enquanto esteve em Paris, entre 1906-1914, Amadeo estava, de facto, no centro das vanguardas do seu tempo, relacionou-se ao lado dos artistas que hoje em dia todos conhecemos como os principais artistas das vanguardas internacionais. Amadeo estava naturalmente no centro, sem quaisquer complexos de inferioridade. Ele estava muito à vontade em Manhufe ou em Paris.
A exposição mostra uma densa produção artística, ilustrando uma obra entranhada de referências ao mundo rural e ao mundo moderno, com registos cubistas, futuristas ou expressionistas, de um artista que dizia ter "tantas fases como a lua" e que foi traçando o próprio estilo sem querer integrar nenhum movimento.
Organizada pelo organismo público francês Réunion des Musées Nationaux et du Grand Palais des Champs-Élysées, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição que mostrou as grandes realizações dos portugueses na História.
Cozinha da Casa de Manhufe (c. 1913)

Autora:

Catarina Lopes, 9ºA