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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O legado egípcio...para lá das pirâmides


Se pedirmos a alguém para identificara a civilização faraónica, a resposta mencionaria as pirâmides e as múmias. Quantas pessoas sabem que existe um grande índice de ideias, palavras e costumes que nos chegaram do Antigo Egito?
Hoje sabemos que a presença egípcia na Síria- Palestina foi uma grande constante desde as suas primeiras dinastias. Esta presença levou ao domínio da região durante o Império Novo, este foi o período durante o qual mais recursos culturais faraónicos foram impressos no Mediterrâneo Oriental, onde estes acabariam por chegar ao mundo ocidental através dos fenícios, gregos, judeus e árabes.
O alfabeto egípcio:
Um exemplo do legado egípcio no Oriente é o alfabeto. Os egípcios escreviam com hieróglifos, mas não se sabe que estes símbolos podem ser trilíteros, bilíteros ou unilíteros. No alfabeto egípcio existiam 24 símbolos unilíteros e eram usados como componente fonético das palavras, (eram escritos juntos de outros símbolos para ajudar na leitura, mas não se pronunciavam na leitura.), que só eram utilizados alfabeticamente para transcrever ou escrever nomes estrangeiros.
Contos e lendas:
O alfabeto não é o único aspeto relacionado com a escrita ou a literatura que nos chegou das margens do Nilo. A literatura presta tributo à tradição egípcia. Exemplos de contos faraónicos: “A conquista de Jaffa”, “Príncipe Predestinado” etc. A nós, também chegaram palavras usadas pelos faraós e pelos seus súbditos, por exemplo “o adobe” tem a raiz faraónica djebet, “oásis” deriva de uhat (“região dos oásis”)
O Egito e a Bíblia:
A cultura egípcia presente no livro sagrado judaico-cristão não se limita aos faraós mencionados, nem à sua influência direta na política regional como aconteceu com Chechonk, Tahara e Necau. Essa inspiração reflete-se co conteúdo de alguns dos seus textos. O livro onde se torna mais evidente a influência faraónica é nos “Provérbios”, porque a sua primeira parte oferece grande semelhança com uma dezena de capítulos da “Instrução de Amenemope”.
Relatos da criação:
Uma das principais cosmogonias do Egito é a chamada teologia menfita cujo protagonista e criador do mundo é o Deus Ptah, deus titular de Mênfis. Dos egípcios, recebemos inclusivamente alguns costumes tão enraizados entre nós como as procissões religiosas. No Egipto, só é Rei e o grande sacerdote podiam entrar no santuário do deus e contemplar a sua estátua. Já o resto dos fieis, tinha de se resignar a ver a divindade quando era passeada na barca portátil aos ombros dos sacerdotes durante algumas festas. A festa mais espetacular tinha lugar em Tebas: a festa de Opet, era quando as estátuas de Amon, Mut e Khonsu se reuniam em procissão e eram levadas até ao templo de Lucsor. (Este é um costume que se assemelha à Semana Santa)
Virgem e o Menino (arte copta, pergaminho séc. XIX)
O fogo do Inferno:
Juntamente com as procissões, chegaram também algumas representações que hoje são consideradas como cristãs, como o inferno em chamas. Esta ideia de um destino onde as almas dos condenados são queimadas e sujeitadas ao suplício para toda a eternidade depois de terem falhado o teste de juízo de Deus é uma nova versão de um velho mito. Toda a iconografia religiosa chegou-nos através dos coptas, que formaram uma das primeiras e mais consolidadas congregações cristãs do mundo antigo. A par destas imagens dos infernos, os coptas também nos transmitiram a imagem da Virgem e do Menino: uma estátua onde está uma mulher sentada acomodando no seu colo o filho.
Os sírio-palestinos não foram os únicos a serem influenciados pela cultura dos egípcios, também os gregos se identificavam devedores da civilização faraónica, por este motivo, foram muitos os helénicos de boas famílias que se deslocaram do Valo do Nilo para aprofundar os seus estudos.     
Como vemos, há muitas ideias que nos ligam ainda ao mundo faraónico – para lá das múmias e das pirâmides.